sábado, 26 de janeiro de 2008

CONCEITUANDO GÊNEROS DISCURSIVOS E CRÔNICA


Para Meurer e Motta-Roth (2002, p.17), “a preocupação em pesquisar, estudar, descrever, explicar e ensinar diferentes gêneros textuais tem se expandido por todo o país”. Essa expansão é vista a partir dos conceitos de gênero apresentado no livro didático e proposto pelos PCNs. Segundo Bakhtin (2003, p.262), “cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros discursivos”. Para o autor todos os campos da atividade humana estão vinculados ao uso da linguagem. E os enunciados utilizados nessas atividades refletem as condições específicas e as finalidades de cada campo através do conteúdo (temático) e do estilo da linguagem, e acima de tudo pela construção composicional. Dessa forma, esses três elementos estão ligados no todo do enunciado e são determinados da mesma maneira a partir da especificidade de um determinado campo da comunicação.
A crônica é o único gênero literário produzido essencialmente para ser vinculado na imprensa, seja nas páginas de um jornal ou revista. Este gênero é feito com uma finalidade utilitária e pré-determinada: agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando assim, no transcurso dos dias uma familiaridade entre o escritor e o leitor. Quanto as características da crônica esta por sua vez é, um comentário leve e breve sobre algum fato cotidiano. “Algo para ser lido enquanto se toma o café da manhã”, na feliz expressão de Fernando Sabino(apud GONZAGA; SERGIUS) (online). O comentário pode ser poético ou irônico mas o seu motivo, na maioria dos casos, é aquela notícia em que ninguém prestou atenção, o acontecimento insignificante, a cena corriqueira. A partir dessas trivialidades, o cronista surpreende a beleza, a comicidade, os aspectos singulares. O próprio Fernando Sabino (apud GONZAGA, SERGIUS) (online) tem uma das melhores delimitações de crônica, dizendo que:

ela busca o pitoresco ou o irrisório no cotidiano de cada um! Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num incidente doméstico, torno-me simples expectador.

A linguagem da crônica é uma mistura entre jornalismo e literatura e por isso deve transcender a mera informação, isto é, deve ser menos denotativa e mais pessoal. Assim, o estilo deve dar a impressão de naturalidade e a língua escrita aproxima-se da fala.(GONZAGA, SERGIUS) (online)

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